quarta-feira, 6 de agosto de 2008

"Muito Cacique p’ra pouco índio"

Acredito que a grande maioria de nós já brincamos em nossa infância de cabo de Guerra. Para os que não se lembram ou ainda não brincaram, era aquela brincadeira na qual duas equipes, ligadas por uma corda, ficavam medindo forças entre si até ultrapassarem determinado ponto, ou na pior das hipóteses, quando era feita entre uma poça de barro, conseguisse puxar a outra equipe para dentro do barro. Então era conhecida a equipe vencedora.
Na vida corporativa, temos situações similares. São, muitas vezes, dois extremos, duas linhas de pensamentos que ficam “disputando entre o que deve ser feito com o que se acha que tem que ser feito”.
Sabemos que o ouro do milênio se chama “conhecimento” e quem o detêm em maior quantidade e qualidade, alcançará seus objetivos mais tranqüilamente.
Nessa disputa de cabo de guerra (leia-se também empresarial) prevalece, nem sempre, quem tem a razão, a forma correta de se fazer, mas quase sempre, quem tem o poder, a “força”. Às vezes, a falta de humildade e paciência dos “donos” para ouvirem o que seus subalternos têm a dizer, detona totalmente o prazer com que esses tem por sua atividade, haja visto que, também, podem estar jogando fora o que seria a “salvação da lavoura”. Mesmo porque, cada problema surgido é uma maneira de se criar um processo envolvendo todos na busca da solução, criando assim o que chamamos de aprendizado coletivo (vitória!).
Alguns fatores são primordiais para o sucesso em qualquer empreendimento: Imagem, confiança e credibilidade. Entretanto é impossível tê-los se não estiverem totalmente atrelados ao respeito. Temos que tê-lo junto aos nossos colegas de trabalho, parceiros, conveniados e, sobretudo sobre os clientes que compram o nosso produto ou serviço.
O respeito (mais imagem, confiança e credibilidade) vai se perdendo quando mudamos a forma com que expomos nossas idéias para algo agressivo, fechando nossos ouvidos para sugestões e críticas, pregando uma coisa e fazendo outra, chegando ao patamar, da noite para o dia, de “donos da razão” sem mesmo tê-la.
Imaginemos uma situação: se cada membro da equipe X do cabo de guerra resolver por conta própria canalizar suas forças para determinada direção? Teremos cada um disputando forças entre si e não com a equipe adversária. Após poucos segundos, essa equipe já terá perdido a disputa.
Agora vamos mudar a linha de raciocínio. Vamos imaginar que ao invés de duas pontas nessa corda, tivéssemos três pontas? Conseguiram ver a bagunça? É como, por exemplo, tivermos dentro de uma empresa três linhas de pensamento completamente discrepantes: Os que deliram de como fazer; os que sabem o que tem que ser feito e os que querem que continue “assim mesmo”.
Assim podemos diagnosticar essa empresa como um lugar com conhecimento, vontade, porém sem foco. É como se tivesse muito cacique p’ra pouco índio ou muito cacique com pouco cacife (entenda aqui how-know, liderança, planejamento, estratégia e foco).
Dentro desse emaranhado de necessidades vem a vontade suprema de buscarmos mais conhecimento, no que tange não só a função que ocupamos, mas as outras que estão direta e indiretamente ligadas a ela. E como se, no futebol, apesar de craque no meio de campo, tivéssemos que ser ótimo zagueiro e atacante. Ou em uma empresa tornamos simplesmente: multi-função.
Dentre todos os jargões que já ouvi, tem um que ilustra claramente esse desejo de saber mais: “cobra que não arrasta a barriga, não come sapo”. Mas muitas vezes pisam no rabo dessa cobra, impedindo com que essa corra atrás de seu sapinho.
Naquela brincadeira de infância uma lição básica nos é passada: temos que ter união. Sabemos que união faz a força, porém teremos que ter objetivos comuns e claro, tendo também que compartilhar os empecilhos rotineiros que impedem a obtenção de resultados aos membros de nossa equipe para que eles nos ajudem na solução do problema. Porém, como sempre nas empresas, por melhores que sejam as idéias e sugestões dos colaboradores, a decisão de implementação é totalmente de seus donos.
Por isso que temos que nos inteirarmos de qual é o objetivo de cada um dentro da equipe (inclusive dos donos) para sabermos se é o mesmo da empresa: Sucesso.
Mas de nada adianta iludirmos com esperanças direcionadas por propostas sugeridas por terceiros sabendo que a nossa mudança é uma porta que se abre por dentro. E não tem o menor valor preocuparmos em melhorarmos a realidade de pessoas que gostamos, se as mesmas não estão com a mínima vontade de mudança e estão totalmente desfocadas.

“O pior cego é aquele que não quer enxergar.” Anônimo

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